15.5.16

Federico García Lorca: "Se ha quebrado el sol" / "Partiu-se o sol": tradução de William Agel de Melo





          Partiu-se o sol

          Partiu-se o sol
          entre nuvens de cobre.
Dos montes azuis chega um ar sonoro.
          No prado do céu,
          entre flores de estrelas,
          a lua vai em crescente
          como um garfo de ouro.

Pelo campo (que espera os tropéis de almas),
          vou carregado de pena,
          pelo caminho só;
          porém o meu coração
          um raro sonho canta
         de uma paixão oculta
         a distância sem fundo.

         Ecos de mãos brancas
         sobre a minha fronte fria,
         paixão que se madurou
         com pranto de meus olhos!





          Se ha quebrado el sol

          Se ha quebrado el sol
          entre nubes de cobre.
De los montes azules llega un aire suave.

          En el prado del cielo,
          entre flores de estrellas,
          va la luna en creciente
          como un garfio de oro.

Por el campo (que espera los tropeles de almas),
          voy cargado de pena,
          Por el camino solo;
          Pero el corazón mío
          un raro sueño canta
          de una pasión oculta
          a distancia sin fondo.

          Ecos de manos blancas
          sobre mi frente fría
          ¡pasión que maduróse
          con llanto de mis ojos!



LORCA, Federico García. "Se ha quebrado el sol" / "Partiu-se o sol". In:_____. "Poemas esparsos". In:_____. Obra poética completa. Tradução de William Agel de Melo. Brasília: Editora U. de Brasília. São Paulo: Martins Fontes, 1989.



2 comentários:

Mayra disse...

Querido poeta,
Há pouco descobri seu blog. Ignorância minha, desculpe. E fui descobri-lo - a você e ao blog - buscando por "Liberté", de Paul Eluard. Poucos dias depois, esta postagem do Lorca. Que alegria encontrá-lo aqui. Minha leitura, naquele dia - o dia da postagem - foi política. "A todos nos ha tocado vivir la crueldad de estos tiempos", lembrei de Rafael Alberti. Mas Lorca é sempre forte, sempre agudo. Calhou no momento, mas talvez nem fosse essa sua intenção. Nem a dele... Mas poesia é feita mesmo disso, dotada de vida, sempre pronta a injetar vida, viço. Obrigada pelo post, por todos os outros, que desde então venho acompanhando todos os dias. Obrigada pela generosidade de compartilhar seu olhar, suas leituras, seus gostos. Obrigada (tb ao Arthur Nogueira, claro) por "Não sou mais tola, não mais me queixo, não tenho medo, nem esperança...". Que alegria te conhecer! Tarde... Mas ainda a/há tempo. "Nada do que fiz, por mais feliz, está à altura do que há por fazer..." Um grande abraço, Mayra

Antonio Cicero disse...

Muito obrigado pela força que me dá com suas palavras, Mayra!

Abraço