23.3.14

Vinícius de Moraes: "Soneto do maior amor"




Soneto do maior amor

Maior amor nem mais estranho existe
Que o meu, que não sossega a coisa amada
E quando a sente alegre, fica triste
E se a vê descontente, dá risada.

E que só fica em paz se lhe resiste
O amado coração, e que se agrada
Mais da eterna aventura em que persiste
Que de uma vida mal-aventurada.

Louco amor meu, que quando toca, fere
E quando fere vibra, mas prefere
Ferir a fenecer – e vive a esmo

Fiel à sua lei de cada instante
Desassombrado, doido, delirante
Numa paixão de tudo e de si mesmo



MORAES, Vinícius de. Nova antologia poética. Org. por Antonio Cicero e Eucanaã Ferraz. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.

2 comentários:

ADRIANO NUNES disse...

Cicero,


um dos mais belos sonetos sobre o amor! Salve!


Abraço forte,
Adriano Nunes

léo disse...

Vinícius teve uma vida de poeta, o que não é pra qualquer um. Drummond que o diga...