27.9.12

Ítalo Calvino: de "Por que ler os clássicos"



Segunda proposta de definição de "clássico":


Faz alguns anos, Michel Butor, lecionando nos Estados Unidos, cansado de ouvir perguntas sobre Emile Zola, que jamais lera, decidiu ler todo o ciclo dos Rougon-Macquart. Descobriu que era totalmente diverso do que pensava: uma fabulosa genealogia mitológica e cosmogônica, que descreveu num belíssimo ensaio. Isso confirma que ler pela primeira vez um grande livro na idade madura é um prazer extraordinário: diferente (mas não se pode dizer maior ou menor) se comparado a uma leitura da juventude. A juventude comunica ao ato de ler como a qualquer outra experiência um sabor e uma importância particulares; ao passo que na maturidade apreciam-se (deveriam ser apreciados) muitos detalhes, níveis e significados a mais. Podemos tentar então esta outra fórmula de definição:


2 Dizem-se clássicos aqueles livros que constituem uma riqueza para quem os tenha lido e amado; mas constituem uma riqueza não menor para quem se reserva a sorte de lê-los pela primeira vez nas melhores condições para apreciá-los.



CALVINO, Ítalo. "Por que ler os clássicos". In:_____. Por que ler os clássicos. Trad. de Nilson Moulin. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.

3 comentários:

ANNA disse...

É delicioso o sentimento de se ter livros como companheiros,desses que a gente,vez por outra,sente enorme saudade e precisa com urgencia rever.
Tenho,como hábito divertido,mania de passear por meus livros,sempre que a saudade pede e quando um novo companheiro chega,por mais que me sinta tentada a voltar à primeira página ao chegar à última,ou nunca mais pssar perto dele,não o faço.Quardo-o e tempos depois ele volta a minha lembrança e é sempre nova a leitura.
Ler é uma benção que não devia ser negada à ninguém.
Abraços,
Anna Kaum.

carlos disse...

DEPENDE DE MIM
(Charles Chaplin)

“Hoje levantei cedo
pensando no que tenho a fazer
antes que o relógio marque meia-noite.
É minha função escolher que tipo de dia vou ter hoje.

Posso reclamar porque está chovendo...
ou agradecer às águas por
lavarem a poluição.

Posso ficar triste por não ter dinheiro...
ou me sentir encorajado para administrar minhas finanças,
evitando o desperdício.

Posso reclamar sobre minha saúde...
ou dar graças por estar vivo.

Posso me queixar dos meus pais
por não terem me dado tudo o que eu queria....
ou posso ser grato por ter nascido.

Posso reclamar por ter que ir trabalhar....
ou agradecer por ter trabalho.

Posso sentir tédio com as tarefas da casa...
ou agradecer a Deus por ter um teto para morar.

Posso lamentar decepções com amigos...
ou me entusiasmar com a possibilidade de fazer novas amizades.

Se as coisas não saíram como planejei,
posso ficar feliz por ter hoje para recomeçar.

O dia está na minha frente esperando para ser o que eu quiser.
E aqui estou eu, o escultor que pode dar forma.
Tudo depende só de mim."

Danilo Sergio Pallar Lemos disse...

Parabêns pelo excelente blog, que difunde as diversos textos contribuidores para a expansão do saber.
wwwsabereducar.blogspot.com