24.2.11

e.e. cummings: "Impression IV" / "Impressão IV"





Impressão IV


as horas sobem apagando estrelas e é
madrugada
nas ruas do céu a luz anda espalhando poemas

na terra uma vela é
extinta           a cidade
acorda

com uma canção em sua
boca tendo a morte em seus olhos

e é madrugada
o mundo
continua a assassinar os sonhos. . . .

vejo na rua em que homens
fortes cavam pão
e eu

vejo os rostos brutais das
pessoas contentes horríveis perdidas cruéis
                                        felizes

e é dia,

no espelho
vejo um homem frágil
sonhando
sonhos
sonhos no espelho

e
é crespúsculo           na terra

uma vela se acende
e é escuro.
as pessoas estão em casa
o homem frágil está na cama
a cidade
morre com a morte na boca tendo uma canção
                                        nos olhos
as horas descem,
levando à cena estrelas. . . .

na rua do céu a noite anda espalhando poemas




Impression IV


the hours rise up putting off stars and it is
dawn
into the street of the sky light walks
                              scattering poems

on earth a candle is
extinguished           the city
wakes
with a song upon her
mouth having death in her eyes

and it is dawn
the world
goes forth to murder dreams. . . .

i see in the street where strong
men are digging bread
and i

see the brutal faces of
people contented hideous hopeless cruel happy

and it is day,

in the mirror
i see a frail man
dreaming
dreams
dreams in the mirror

and it
is dusk           on earth

a candle is lighted
and it is dark.
the people are in their houses
the frail man is in his bed
the city
sleeps with death upon her mouth having a song in her eyes
the hours descend
putting on stars. . . .

in the street of the sky night walks scattering
                                        poems




CUMMINGS, E.E. "Tulips and chimneys (1923)". Complete poems: 1913-1962. New York and London: Harvest/HBJ Book, 1962.

7 comentários:

Amélia disse...

Amigo: a tradução do poema é sua?Um abraço

Antonio Cicero disse...

Amélia,

sim, é minha. Quando não indico o tradutor, é que eu mesmo fiz a tradução.

Abraço

ADRIANO NUNES disse...

Amado Cicero,

Um dos poemas que mais amo. Sempre estou lendo as suas postagens e amando-as de todo o meu coração. você é uma das luzes da minha vida, assim como a Poesia!


Abraço forte,
Adriano Nunes.

theresa brahm disse...

Maravilhoso!!!
Thê.

Antonio Cicero disse...

Adriano,

Muito obrigado, querido amigo! Você é sempre muito bem-vindo.

Grande abraço

carmen silvia presotto disse...

Um abraço Poeta querido, gracias pelo poema e parabéns pela tradução e este vou "guardar" lá em Vidráguas.

Um bom final de semana.

Carmen

Jefferson Bessa disse...

As coisas brilhando e se ofuscando nas horas e horas que passam. Os olhos de quem vê o que vive e morre. Muito bonito! Um abraço.
Jefferson.