17.12.08

Donald Hall: "The master"

.


O mestre

Onde o poeta pára, o poema
começa. O poema só pede
que o poeta saia do caminho.

O poema se esvazia
para se preencher.

O poema está mais perto do poeta
quando o poeta lamenta
que ele sumiu para sempre.

Quando poeta desaparece
o poema se torna visível.

Que pode o poema escolher
de melhor para o poeta?
Escolherá que o poeta
não escolha por si.





The master

Where the poet stops, the poem
begins. The poem asks only
that the poet get out of the way.

The poem empties itself
in order to fill itself up.

The poem is nearest the poet
when the poet laments
that it has vanished forever.

When the poet disappears
the poem becomes visible.

What may the poem choose,
best for the poet?
It will choose that the poet
not choose for himself.



De: HALL, Donald. White apples and The taste of stone. Selected poems 1946-2006. New York: Houghton Mifflin, 2006.

11 comentários:

ADRIANO NUNES disse...
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Anônimo disse...

then it's only fair to ask, Who is actually the master?
(I'd say the poem is!)
abraço,
F.

Antonio Cicero disse...

Dear F.,

I agree. Of course, the word “master” first leads one to think of a great poet. Thus Dante called Virgil his master. But at the end one realizes that the poem is the real master. That is, the master poet is the one who submits to the requirements of the poem he is producing. After all, the poet qua poet exists only for the sake of the poem, whereas the poem qua poem exists for its own sake. Thus, paradoxically, a poet is a master in as far he is able to become his poem’s serf or slave.

ADRIANO NUNES disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Nina Araújo disse...

Lindos estes versos poeta! Adorei lê-los e mando um nosso para seu coração bonito, vê se gosta...

Ai Que Me Deu Nos Versos...


Ai que me deu nos versos
Parar de interpor o poema
E mais um dilema se anuncia
Quando quero que ele dê cria
Ele pousa de estéril
Tendo ares de alforria
Já foi o dia em que contrariei o poema
Que fique ali pelas praças
Tomando coco, olhando a via
Que discuta com o guarda sua autonomia
Mas saiba que um mote brioso
Carece da luz de uma guia
Ainda que amanheça tonto
Há de acatar a rima e a boêmia.




Nina Araújo e Vera Borato.

ADRIANO NUNES disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
ADRIANO NUNES disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

que termine sempre assim, começando

Eleonora Marino Duarte disse...

observador,

aqui sempre faço emendas com suas postagens,

vejo surgir entre as publicações suas opiniões

distribuídas através de citações e poemas de beleza considerável.

gosto muito da forma como você coloca o pensamento e a opinião pessoal. acho elegante e muito inteligente!

fiquei especialmente atenta ao artigo e ao poema, ambos de grande valor.

grande abraço!

Livraria Poesia Incompleta disse...

que lindo poema e que bela tradução.
um abraço de lisboa,
changuito

Antonio Cicero disse...

Obrigado Nina, Adriano, Betina e Changuito.
Boas festas!